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Qual é o impacto da Libra, moeda do Facebook, para os bancos?

Qual é o impacto da Libra, moeda do Facebook, para os bancos?

A moeda do Facebook, a Libra, foi anunciada no dia 18 do último mês de junho. Seu funcionamento começará em 2020 e servirá para transações feitas entre os usuários da rede social mais acessada no mundo. A Libra também poderá ser utilizada por usuários de Instagram, WhatsApp e Facebook Messenger, tanto em transferências quanto em compras no social commerce.

Além de gerar um novo tipo de engajamento e mais uma fonte de receita para as empresas de Mark Zuckerberg, a criação da criptomoeda também tem como objetivo facilitar transações financeiras pela internet para cerca de um bilhão de pessoas desbancarizadas e sem acesso a serviços financeiros. Essa mesma parcela do total de mais de 2,3 bilhões de pessoas tem, por outro lado, smartphone e acesso ao Facebook.

E como essa novidade afetará bancos e outros players do mercado financeiro? É o que abordaremos agora com base nas possibilidades que serão criadas e no que já se sabe sobre a Libra.

Impactos para bancos, fintechs e demais instituições financeiras

Obviamente, o principal impacto se vê no aumento da concorrência de provedores de serviços financeiros. Atualmente, antes da estreia da moeda do Facebook em operações, já se percebe aumento de concorrência pelo surgimento de fintechs, contas digitais, cartões de crédito pré-pagos e outros produtos e serviços. Porém, após a implementação, haverá um player global — com clientes em potencial que já estão dentro dele — os oferecendo sem que uma conta bancária seja necessária.

Agora, analisando a questão de forma mais ampla, a Libra poderá até mesmo alterar a dinâmica econômica mundial. Primeiramente, por conta de os bancos centrais do mundo não terem poder de atuação sobre ela, que será como uma moeda privada, ainda que possam participar da regulamentação. Em segundo lugar, porque as empresas de meios de pagamentos mais convencionais poderão estar em risco de se tornarem obsoletas.

Alguns especialistas alertam ainda para a possibilidade de a Libra cumprir papéis que o dólar historicamente sempre cumpriu em comércio, investimentos internacionais e oscilação do câmbio. Ou seja, poderá surgir um banco mundial líder em transações de débito e crédito, assim como em concessão de crédito, com potencial para impactar os rumos do mercado financeiro global em relação a investimentos, valor de moedas e outros aspectos.

Outro fator que provavelmente pesará muito em favor da Libra para seu ganho de relevância é o fato de contar com um tesouro real próprio e ativos confiáveis para darem lastro à sua valoração, como explicaremos mais detalhadamente adiante.

Funcionamento para os usuários

A Libra permitirá a realização de compras diretamente dentro do Instagram e do Facebook. Já a transferência de valores entre pessoas ficará para os aplicativos que fazem o mesmo com troca de mensagens: WhatsApp e Facebook Messenger.

A expectativa é que para utilizar a moeda as pessoas apenas precisem ter contas nas redes e nos apps de mensagens e cadastrar um documento de identificação. Assim, criam suas carteiras digitais de Libra, serviço que será oferecido pela Calibra: subsidiária criada pelo Facebook para operação das transações. Essa empresa é independente e não compartilhará dados, pessoais ou financeiros, de usuários da Libra com o Facebook, a menos que as próprias pessoas autorizem o compartilhamento.

Até o momento, é apenas isso que se sabe sobre a moeda do Facebook em relação aos usuários — e que os brasileiros provavelmente não poderão fazer o uso em 2020, pois o Brasil não está no grupo dos países que iniciarão as operações da criptomoeda. Porém, como o país conta com mais de 130 milhões de usuários, sendo o 3º do mundo com mais contas ativas, a Libra não deve demorar a ser disponibilizada para esse mercado tão volumoso.

Características da moeda do Facebook

Apesar do termo geralmente utilizado para caracterizar a Libra, ela não é exatamente uma propriedade da rede social e menos ainda o Facebook é responsável sozinho por ela. Ao todo, até agora, 28 grandes companhias estão envolvidas no projeto, incluindo gigantes como Visa, Mastercard e Paypal, cada uma aportando US$ 10 milhões para compor as reservas da criptomoeda.

Até o primeiro semestre de 2020 se espera que o total de participantes, chamados de cofundadores, chegue a 100 empresas, incluindo pelo menos um grande banco comercial e algum banco central, o que ainda não ocorreu.

Essa espécie de consórcio de organizações resulta na Libra Association, com sede na Suíça, que funcionará como um comitê financeiro e envolverá também bancos centrais e agências de regulação para resolver possíveis problemas, promover o uso adequado da Libra e sanar preocupações de outros envolvidos no mercado financeiro.

Tecnicamente, o funcionamento se dará por um sistema baseado em blockchain, como ocorre com o Bitcoin, apoiado em ativos sólidos, como dinheiro de reservas e títulos governamentais, e projetado para uso facilitado de usuários comuns interessados em transações de pagamentos e recebimentos.

Por conta desse lastro em depósitos bancários e títulos, ativos reais, de renda fixa e com baixa volatilidade, a oscilação da Libra tende a nunca ser brusca, mantendo uma cotação permanentemente estável. Conforme o white paper descritivo da criptomoeda, os usuários saberão que a cotação do dia seguinte será muito próxima do valor do dia atual.

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